sexta-feira, 13 de março de 2009

Não saber é melhor

Cheguei a uma conclusão libertadora, mas ao mesmo tempo não muito satisfatória. Nunca mais fui a mesma depois que comecei a Faculdade. Letras é um curso que muda muito a gente. Ficamos mais sensíveis, mais críticos, mais exigentes, entendemos mais das coisas.....e esse é o problema, porque entender tudo tira as dúvidas, acaba com a ilusão e ás vezes a realidade não é bem o que a gente queria, por quê? por que eu não pude continuar iludida?

Você estuda análise de discurso e procura elementos verbais e não-verbais para sustentar a sua teoria, e você quer estar certa, você quer que o texto lhe dê margem para concluir que a realidade é a sua idealização, mas o texto, aqueles malditos adjetivos, advérbios, aquele discurso direto e frio insuportável, não te dão margem para sustentar a sua teoria. Droga! como eu queria não saber análise de discurso de vez em quando. Não saber é tão...simples!

Você passa a escolher cautelosamente suas palavras, pensa cuidadosamente no efeito de suas frases e não acredita no que os outros dizem, não acredita de verdade, você entende que as palavras são fabricadas e estão lá por um motivo, aprende que palavras não são sentimentos, são apenas palavras, colocadas cuidadosamente para induzir seu pensamento, e fabricar um sentimento.

Eu não acredito mais em palavras, acredito em ações, em fotos, em placas, mas não em palavras. E ultimamente os signos verbais que tenho lido não apóiam os signos não-verbais que encontro, tornando o discurso ambiguo, ou neutro.....e neutralidade me irrita! Não existe neutralidade! Bem nas entrelinhas existe uma escolha, mas por que as pessoas simplesmente não a revelam?

Queria não ter conhecimento de análise de discurso, queria ser ingênua e acreditar em tudo que em dizem, queria não saber ler nas entrelinhas, queria não ter sexto sentido, queria ser ignorante e não saber de nada disso porque quem sabe desse jeito minhas ilusões, minhas idealizações não seriam facilmente destruídas. Não saber....é muito melhor.

Um comentário:

  1. Já dizia Clarice Lispector: "feliz é o cão, que não se questiona".
    Pois eu digo: bem-aventurados são os ignorantes, pois deles é a felicidade das coisas simples (aquelas que eles entendem, e olhe lá!)
    heehehehehehehe....

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