quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Projeto que não deu certo

Sabe, criar filhos não é nada fácil. Pelo menos é isso que eu ouço de todos os pais que eu conheço na vida, deve ser verdade, mas só vou saber mesmo se um dia tiver uma prole. Meus pais me deram o melhor. As melhores escolas, os melhores livros, a melhor família, os melhores amigos, a melhor convivencia, isso claro de acordo com o que eles podiam.

Eles tinham todo esse projeto pra mim. " Sabe, a Audrey é muito crítica, lê bastante,cabeça feita,tem potencial" foi o que eles sempre disseram sobre mim. Afinal de contas, se alguém nesse mundo tem que puxar a minha sardinha são aqueles que me colocaram nele, certo? E meus pais sempre fizeram isso.

Estavam presentes na platéia em todas as peças que fiz no colégio, aquela minha atuação porca que eu sempre soube que não era nada boa sempre arrancava lágrimas da minha mãe. Respeitaram quando eu resolvi entrar para o Centro Acadêmico da faculdade, mas por motivos óbvios não cansavam de nos chamar de baderneiros. Liam todos os poemas que eu publicava no Jornal e depois minha mãe mostrava toda orgulhosa para o pessoal do trabalho, me pedia dicas de contos e livros para indicar para os professores da escola dela.

Toda semana eu almoçava com meu pai. Conversávamos sobre poesia, sobre música, tomávaos café, ríamos juntos, falava sobre o que eu pensava em fazer com meu futuro, íamos olhar guitarras, pra ele claro, sou uma negação pra tocar qulaquer coisa...até campainha! Mas teve também a época em que meu pai me ensinou a tocar algumas notas no violão, bem porcamente eu aprendi tocar "Wish you were here". Eu devia ter uns 14 anos, sei lá, ele todo orgulhoso pediu que meu irmão filmasse o dueto de pai e filha.

Meus pais sempre foram muito conservaodres e moralistas, meu irmão conseguiu superar os dois no conservadorismo e no moralismo, nesse sentido nem parece que sou filha deles, não que eu tenha minha mente muito aberta, aliás admito que tenho lá meus preconceitos e limites, mas a minha família beira o limite do moralismo e do preconceito numa sociedade com o mínimo de bom senso. O que eu não entendo, porque meus pais são pessoas cultas, inteligentes, professores, teoricamente deveriam lidar melhor com as escolhas dos outros.....mas na prática não é assim.

Em algum momento, eu mudei de ideia. Em algum momento eu comecei a questionar todo esse moralismo e todo esse plano que eles tinham pra mim, e criei meu próprio plano. Foi a partir desse ponto que eu perdi meu pai, perdi minha mãe e meu irmão.Eu virei uma espécie de desgosto, um assunto chato, que incomoda e deve ser evitado.

Eu virei o projeto que não deu certo, uma espécie de aborto arrisco dizer. De filha prodígio, eu virei "uma promíscua que não tem consideração pela família" de acordo com a minha mãe, e uma "descabeçada pra não dizer outra coisa, não tem mais jeito!" para o meu pai.Eu nunca levantei a voz para os meus pais! Nunca quis comprar nenhuma briga com eles, nunca quis machucá-los, sempre respeitei todas as regras insanas colocadas por eles, porque são meus pais poxa vida!

Mas não importa, não importa porque eu destrui todos os sonhos que eles tinham para mim, então, para eles tanto faz se eu sou feliz ou nao com as minhas escolhas, na cabeça deles eu jamais serei feliz porque quem é o que sou não tem como ser feliz. O que eu sou exatamente para eles eu não sei, só sei que dói um pouco saber que toda relação que eu tinha com meus pais acabou e que ao invés de meu pai acordar de madrugada na manhã do meu aniversário para me dar os parabéns e tocar uma musica pra mim no violão, ele se esquece desse dia, pq a filha que nasceu no dia 17 de outubro não existe mais para ele. E minha mãe ao invés de me contar como foi o dia que eu nasci, como ela faz todos os anos, me liga na hora exata do meu nascimento e me conta aquela história de como ela sofreu qndo eu nasci, este ano ela disse "Foi bom vc ter nasido apesar de tudo".

E sabe o que? Apesar de tudo que acontece na minha "família", não me arrependo nem por um segundo das escolhas que tomei. Obviamente queria o apoio dos meus pais, porque de moralmente condenável, ou socialmente incorreto eu não faço nada. Sou uma professora de Inglês que pensa muito na sua carreira, fora isso nada de anormal ou condenável para pessoas normais. Mas claro que para uma família conservadora como a minha, de acordo com meu irmão "vc não é uma pessoa ruim! Só não é boa o suficiente para os padrões dessa família". Isso não me assusta na verdade, nunca quis ser a melhor em nada, só não quero brigar com ninguém, principalmente com aqueles que me colocaram no mundo. MAs não vou me anular só para ser aceita em uma família que me rejeita pelas escolhas "erradas" que tomo.

Fácil falar né? Não é minha filha! Criar filhos não deve ser fácil, quero ver se um dia tiver um filho. Espero ser capaz de respeitar suas decisões e aceitá-lo pelo que ele é e não pelo que eu queria que ele fosse. Quero abraçar meu filho quando achar que ele errou ao invés de condená-lo por uma escolha que ele teve....respeito e compreensão é isso que falta na minah família.

2 comentários:

  1. nossa... q post triste... mas eu dei mtaaaaaaa risada na parte em q seu irmão diz ""vc não é uma pessoa ruim! Só não é boa o suficiente para os padrões dessa família"" uahuahauhauahuahuahuah maaaaaaaaaano q cuzão... uahauhauahuah

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  2. kkkk pois é....antes rir do q chorar né? Mas meu irmão é prefeito fazer oq? Apesar dele ser mané sou fã dele!

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