quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A parte boa

Ser professor é uma faca de dois gumes, sim porque conheço poucas profissões que possam gratificar tanto quanto essa, mas ao mesmo tempo, conheço poucas profissões que pagem tão mal e tenham tanta '"má fama" quanto essa. Quem escolhe ser professor, tem que fazer isso por paixão, digo os bons professores.

Se sou boa professora ou não isso eu não sei, só sei que de segunda a sábado acordo sorrindo porque vou trabalhar, morrendo de sono, mas de extremo bom humor! Eu simplesmente adoro o que faço! Não tem outra palavra, pq vc me pergunta?

Porque por exemplo hoje eu fiz a diferença! Tenho um aluno que tem alguns problemas de aprendizagem e de fala, ele é novinho ainda tme 5 para 6 anos, mas pedagogicamente falando tem alguns "atrasos" em relação a outras crianças de 5 anos. O que eu não acho verdade, acho apenas que ele é esperto demais e escolhe o que ele quer aprender ao invés de ir aceitando tudo que ensinam na escola como uma criança mediana. Todas as aulas ele vem em receber sorrindo na porta e sempre faz as mesmas perguntas " Oi teacher! Cade o boy? Vamos ver video? Eu quero ir na Doll's house! Vc gosta de cenoura? Posso ir no play area?". Eu sempre respondo com o maior bom humor porque ele tem um sorriso lindo que já anima minha manhã, mas, os colegas de sala dele já perceberam que ele diz a mesma coisa o tempo todo, todos os dias há cerca de 2 meses, então não gostam muito de ficar perto dele, coisa que eu sempre condeno, sempre digo "Ele é nosso friend também, tem que brincar com a gente! Todo mundo tem que se divertir, senão nao tem graça!", e que temos que respeitar as diferenças e todo aquele papinho pedagógico que nem eles aturam.

De qualquer forma, não é legal ver o menino ser excluído pela turma, mesmo que ele não se dê conta disso! NA verdade é ele quem não quer interagir muito com a turma, o que eu acho melhor porque parece que não o afeta. Hoje estava fazendo um game superdivertido e agitado com as crianças esse aluno geralmente nao participa, ele sempre quer ficar sentado enquanto todo mundo dá risada e se diverte, o que nunca me agradou, mas nao sou nenhuma carrasca para obrigar uma criança a fazer o que não quer, não vou obrigá-lo a ter amigos se ele não quiser!

Mas hoje ele quis brincar, e isso me preocupou, porque não sabia qual seria a reação das crianças, afinal, apesar dos meu esforços ele é o "freak" da sala para elas. Pra minha surpresa uma aluna segurou as mãos desse aluno e o incluiu na brincadeira. Ele não se continha de tanta alegria! Ele ria tanto, pulava tanto, e começou a falar outras coisas além daquele discurso de todas as manhas que se repetia durante toda a aula, e o legal é que ninguém o tratou como diferente! O sorriso dele foi uma das coisas mais lindas que eu já vi, com certeza foi a mais sincera.

Depois elogiei a sala pela atitude que tiveram e elogiei a aluna que o chamou pra brincar e ela disse " É teacher, ele é nosso friend, não tem que tratar ele diferente, é pra todo mundo brincar, pra todo mundo se divertir senão nao tem graça!". Agora me diz, quanto vale isso no final do mês? Eu não consigo colocar um preço nisso, prefiro um salário magro e momentos como esse do que um salário gordo e uma rotina vazia

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Projeto que não deu certo

Sabe, criar filhos não é nada fácil. Pelo menos é isso que eu ouço de todos os pais que eu conheço na vida, deve ser verdade, mas só vou saber mesmo se um dia tiver uma prole. Meus pais me deram o melhor. As melhores escolas, os melhores livros, a melhor família, os melhores amigos, a melhor convivencia, isso claro de acordo com o que eles podiam.

Eles tinham todo esse projeto pra mim. " Sabe, a Audrey é muito crítica, lê bastante,cabeça feita,tem potencial" foi o que eles sempre disseram sobre mim. Afinal de contas, se alguém nesse mundo tem que puxar a minha sardinha são aqueles que me colocaram nele, certo? E meus pais sempre fizeram isso.

Estavam presentes na platéia em todas as peças que fiz no colégio, aquela minha atuação porca que eu sempre soube que não era nada boa sempre arrancava lágrimas da minha mãe. Respeitaram quando eu resolvi entrar para o Centro Acadêmico da faculdade, mas por motivos óbvios não cansavam de nos chamar de baderneiros. Liam todos os poemas que eu publicava no Jornal e depois minha mãe mostrava toda orgulhosa para o pessoal do trabalho, me pedia dicas de contos e livros para indicar para os professores da escola dela.

Toda semana eu almoçava com meu pai. Conversávamos sobre poesia, sobre música, tomávaos café, ríamos juntos, falava sobre o que eu pensava em fazer com meu futuro, íamos olhar guitarras, pra ele claro, sou uma negação pra tocar qulaquer coisa...até campainha! Mas teve também a época em que meu pai me ensinou a tocar algumas notas no violão, bem porcamente eu aprendi tocar "Wish you were here". Eu devia ter uns 14 anos, sei lá, ele todo orgulhoso pediu que meu irmão filmasse o dueto de pai e filha.

Meus pais sempre foram muito conservaodres e moralistas, meu irmão conseguiu superar os dois no conservadorismo e no moralismo, nesse sentido nem parece que sou filha deles, não que eu tenha minha mente muito aberta, aliás admito que tenho lá meus preconceitos e limites, mas a minha família beira o limite do moralismo e do preconceito numa sociedade com o mínimo de bom senso. O que eu não entendo, porque meus pais são pessoas cultas, inteligentes, professores, teoricamente deveriam lidar melhor com as escolhas dos outros.....mas na prática não é assim.

Em algum momento, eu mudei de ideia. Em algum momento eu comecei a questionar todo esse moralismo e todo esse plano que eles tinham pra mim, e criei meu próprio plano. Foi a partir desse ponto que eu perdi meu pai, perdi minha mãe e meu irmão.Eu virei uma espécie de desgosto, um assunto chato, que incomoda e deve ser evitado.

Eu virei o projeto que não deu certo, uma espécie de aborto arrisco dizer. De filha prodígio, eu virei "uma promíscua que não tem consideração pela família" de acordo com a minha mãe, e uma "descabeçada pra não dizer outra coisa, não tem mais jeito!" para o meu pai.Eu nunca levantei a voz para os meus pais! Nunca quis comprar nenhuma briga com eles, nunca quis machucá-los, sempre respeitei todas as regras insanas colocadas por eles, porque são meus pais poxa vida!

Mas não importa, não importa porque eu destrui todos os sonhos que eles tinham para mim, então, para eles tanto faz se eu sou feliz ou nao com as minhas escolhas, na cabeça deles eu jamais serei feliz porque quem é o que sou não tem como ser feliz. O que eu sou exatamente para eles eu não sei, só sei que dói um pouco saber que toda relação que eu tinha com meus pais acabou e que ao invés de meu pai acordar de madrugada na manhã do meu aniversário para me dar os parabéns e tocar uma musica pra mim no violão, ele se esquece desse dia, pq a filha que nasceu no dia 17 de outubro não existe mais para ele. E minha mãe ao invés de me contar como foi o dia que eu nasci, como ela faz todos os anos, me liga na hora exata do meu nascimento e me conta aquela história de como ela sofreu qndo eu nasci, este ano ela disse "Foi bom vc ter nasido apesar de tudo".

E sabe o que? Apesar de tudo que acontece na minha "família", não me arrependo nem por um segundo das escolhas que tomei. Obviamente queria o apoio dos meus pais, porque de moralmente condenável, ou socialmente incorreto eu não faço nada. Sou uma professora de Inglês que pensa muito na sua carreira, fora isso nada de anormal ou condenável para pessoas normais. Mas claro que para uma família conservadora como a minha, de acordo com meu irmão "vc não é uma pessoa ruim! Só não é boa o suficiente para os padrões dessa família". Isso não me assusta na verdade, nunca quis ser a melhor em nada, só não quero brigar com ninguém, principalmente com aqueles que me colocaram no mundo. MAs não vou me anular só para ser aceita em uma família que me rejeita pelas escolhas "erradas" que tomo.

Fácil falar né? Não é minha filha! Criar filhos não deve ser fácil, quero ver se um dia tiver um filho. Espero ser capaz de respeitar suas decisões e aceitá-lo pelo que ele é e não pelo que eu queria que ele fosse. Quero abraçar meu filho quando achar que ele errou ao invés de condená-lo por uma escolha que ele teve....respeito e compreensão é isso que falta na minah família.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Chantilly

Estava eu ontem comendo um bolinho "dilicioçu" no meu ambiente de trabalho antes de ir pra casa. No meio do caminho tinha uma chuva e ela me pegou, pegou messsmo, sem guarda-chuva, sem condições de entrar em um ônibus do jeito que estava e sem paciência de esperar a chuva passar, fui caminhando alegre, feliz e ensopada cantando Beatles na chuva. Não ligando para os olhares arregalados que as pessoas davam para minha pessoa, se bem que até que bateu uma vergonha de estar de sutiã verde e blusa branca, que ao julgar pelo número de caronas dúbias oferecidas por metro quadrado que recebi a caminho de casa devia estar mosrando até o mamilo!

Anyway, continuei cantarolando e ignorando o desconforto que meu All Star molhado estava causando. Quando de repente minha mão começou a coçar, depois meu braço direito inteiro estava coçando, fui olhar pra ver se tinha sido picada por algum bicho, e percebi que meu braço estava todo vermelho, inchado e cheio de pelotas! Do nada meu braço esquerdo começa a coçar também, então eu parei de cantar a chuva e comecei a gritar na chuva!

Cheguei em casa e fui tomar um banho quente pq estava ensopada, e magicamente tudo q tinha de feio nos meus braços sumiu! Só estavam as pintas e sardas de sempre, os arranhões da Suffy...ufa! Ufa nada, de repente minha perna direita começa a coçar e a irritação que estava no braço não sei como tinha surgido nas coxas e joelho, não sei porquê a musiquinha da cena do chuveiro de Psicose surgiu na minha cabeça, pensei que o próximo passo seria aquele vermelhao misterioso chegar no coração e eu ter uma taque cardíaco, ou pior, atacar o estômago e eu não poder mais beber café!

Sai do banho, e de repente o troço sumiu! E não apareceu mais! Hoje no trampo contei o "aconticido" pra galera e me disseram que devia ser alergia a algo que comi, "credita"? Se bem que a Mara levantou a possibilidade de ser algum agouro...e eu nao duvido de nada nessa vida. Para tirar a dúvida se era agouro ou alergia, comi mais um pedaço do bolo. "Se meu braço coçar é alergia á chantilly, se ele não coçar é macumba ou pereba". E (in)felizmente é alergia á chantilly!

O que eu acho chato pq imagina o tanto de coisas legais que dá pra se fazer com Chantilly? Pq diabos eu nao podia ser alérgica á carne? Eu não como mesmo! Nunca fui fã de chantilly, mas acho q só pq sou alérgica me bateu uma vontade de comer morango com chantilly hmmmm (pausa para coçar o braço), mas é melhor nao arriscar...se bem que um só nao fazia mal á ninguém (pausa para coçar o braço parte 2)...quem sabe amanhã!