Olhando minhas fotos antigas eu lembrei de um tempo em que acreditei no pra sempre. Que acreditei que pra sempre seríamos amigos, pra sempre seríamos jovens, pra sempre seríamos felizes. Lembrei daquela época em que responsabilidade era tirar notas boas e nao pagar contas atrasadas. Daquela época em que problema era de matemática, rir era sinal de felicidade e não uma piada engraçada, chorar era sinal de tristeza e nao de stress, brincar era divertido, ler era por prazer e segredos eram bobagens.
Olhando minhas fotos antigas eu lembrei do cheiro que tinha a escola do primário, dos traumas da pré escola e do playground do prédio. Lembrei das férias no interiror, o cheiro de café da fazenda, a criação de pintinhos que meu tio tinha no sítio, lembrei das histórias de terror que contávamos a noite e depois nao conseguiamos dormir. As aventuras que inventamos pelo cafezal. Das férias na praia e do mar azul que eu nao temia, da coragem de mergulhar, se entregar e nao sentir o chão, de nadar e se sentir livre. Os passeios de escuna em Ubatuba, e em Paraty, das pedras da cidade que me faziam tropeçar e também dos passáros roubando peixes dos pescadores.
Olhando minhas fotos antigas lembrei dos amigos, aqueles que foram, os que ficaram e os que jamais irão. Bateu uma saudade de ouvir aquelas vozes de uniforme me pedindo para tirar os olhos do livro e prestar atenção na vida. Das meninices do colégio, dos jogos de truco, dos clubes bobos que só eu tinha,da primeira decepção amorosa, da primeira vez que senti um frio na barriga, a primeira vez que chorei por alguém, a última vez que vi um amigo querido e a falta que ele faz. Deu saudades das tardes que passava no parque estudando e das peças de teatro que eu estragava com a minha atuação medíocre, das festas que eu nao fui porque nao achava graça, das tardes em que eu passei no shopping, e das fotos q eu nao sorri porque tinha vergonha do aparelho.
Olhando minhas fotos eu lembrei daqueles amigos da faculdade que estão aqui até hoje, e daquela que foi embora de modo tão injusto e deixou um vazio infinito em cada um de nós. Dos cafés na távola, das piadas entre aulas , das intrigas e dos amores que surgiram,alguns duram até hoje. Lembrei do primeiro dia de aula e de como nao podemos escolher quem marca nossa vida, só escolhemos o tempo que passamos com elas e nem sobre isso temos o controle.De como éramos jovens e rídiculos, e de como ainda somos ridículos mas nao tão jovens assim. Das responsabilidades que surgiram, do primeiro emprego, do segundo emprego, da mudança de rumo, das aulas de Latim, das apresentações de trabalhos que davam certo, das que nao davam tão certo assim também. Do tempo que passou voando e ainda estamos aqui olhando para toda esta história como se fosse ontem.
Olhar para o passado dói, tem coisas que nao deveriam mudar nunca. Olhar para o passado é bom porque percebemos o quanto crescemos. A saudade consome, e a certeza de que nao controlamos a vida é assustadora. Uma coisa ficou: A voz dos meus colegas pedindo que eu tirasse os olhos do livro e olhasse pra vida, porque a vida passa, e no final só sobram as fotos e as histórias que suas figuras nos contam.
Se a gente pensar na vida como um mural de fotos, ela podia ser assim:
ResponderExcluirNo começo não é a gente que as tira, alguém tira uma foto sua, te entrega e diz que é assim que você tem que ser. Mas depois da primeira vez que a gente vira a câmera pro nosso rosto, ai fudeu: não tem volta e é hora de crescer.
Dai começamos a comprar nossos próprios filmes e temos que, na marra, aprender a revela-las. Uma hora o painel onde as fotos estão expostas fica muito cheio, ou o contrário, fica vazio. Se está cheio, a gente aperta, bota uma foto em cima da outra, joga umas velhas fora, recorta e faz caber. Se está vazio, a gente sai por ai num rolê lomográfico (hahaha) e lota o painel novamente, e com coisas mais bonitas!
Algumas fotos caem sozinhas, outras parece que pulam de propósito, outras o vento leva quando a gente menos espera.
Mas há fotos que mesmo amareladas, com as cores fracas, ficam pra sempre lá grudadas no nosso painel.
E que venham mais fotos, que venham mais filmes pra serem revelados, que queimemos alguns, que outros sejam lindos. Mas que no final a gente olhe o nosso painel e veja que, esteve lá.
<3
bjs
Entrei achando que ia ver fotos bacanas e antigas para tirar um sarro de vc e da Isabella e tive que ler este texto e lembrar da minha barriga e dos meus cabelos brancos.
ResponderExcluirTudo é transitório e imperfeito, como um livro que eu dei para Isabella essa semana diz, "será que teria graça se soubéssemos que não acabaria?"
Coisa linda!
ResponderExcluirAngel, olhando minhas fotos antigas eu lembrei de um tempo em que acreditei que a gente ia se dar bem pra sempre, que a gente ia se estranhar pra sempre, que a gente ia se zuar pra sempre, que a gente ia filosofar pra sempre, que a gente ia ter a companhia um do outro pra sempre, em um lugar que duraria pra sempre...
ResponderExcluirAngel, também acreditei que pra sempre seríamos amigos, pra sempre seríamos jovens, pra sempre seríamos felizes.
Lembrei daquela época em que eu queria te presentear com um fusca rosa, que eu ganhava de vc na brincadeira do fusca azul...
Daquela época em que problema era vc não poder comprar a melissa que quisesse, rir era sinal de contentamento e não uma farsa, chorar era sinal de tristeza sim, mas nao de desespero...
Brincar era natural, e segredos eram para ser superados...
Naquele tempo eu NUNCA sequer imaginei que a gente ia ficar anos sem se falar, sem se encarar, sem se lembrar um do outro por longos períodos...
E dói... Meu Deus, como dói!!! Espero sinceramente que essa tortura acabe o quanto antes, e que a gente possa tirar o atraso de todos os sorrisos, sarros, broncas, conselhos, sustos e gestos... Saudades de vc Angel
De verdade... Volta logo!