quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tempo

Ela acordou com aquele frio na barriga que nao sentia há séculos, nao queria levantar porque sabia que o dia seria terrível, passou a semana inteira curtindo cada segundo do dia porque sabia que esse seria o dia que seria lembrado como o dia em que ela preferia nao ter saido da cama. Com muito esforço levantou-se, calçou os chinelos e começou o dia, olhou para o relógio "ainda tenho tempo", ela pensou. Saboreou seu café como se fosse o ultimo, se olhou no espelho como se fosse a mais linda e saiu de casa. "Ainda tenho tempo" e foi resolver seus afazeres matinais.

Almoçou e começou a escolher a roupa q ia vestir, escolheu com cautela, sabia que ela teria que queimá-las depois porque nao queria nenhuma lembrança daquele dia, ela queria estar linda e marcante, mas nao queria usar aquelas roupas de novo. Ela passou as mãos por um vestido preto, sua mente divagou por alguns segundos e ela lembrou do perfume dele, o primeiro beijo foi com aquele vestido, coincidentemente alguns meses depois o ultimo beijo foi com aquele vestido, nao, nao seria uma boa escolha. Optou por um outro vestido q lhe caia bem e nao lhe lembrava nada, de memórias já bastavam as suas, nao precisava de roupas lhe contando histórias que já viveu. Olhou no relogio, estava adiantada "Ainda tenho tempo"

Saiu de casa ouvindo todas as musicas q nao a faziam lembrar dele, foi revendo o discurso ensaiado na cabeça, estava pronta, estava certa do que ia fazer, do que ia falar e de como ia agir, estava pronta como sempre. O metrô parou naquela estação que tinha feito parte da história deles, ela viu o vulto de um casal abraçado e feliz, era a memória brincando com ela de novo, olhou no relógio "ainda há tempo" e repassou o discurso mais uma vez.

Parou na frente das escadas e pensou se deveria mesmo subir, aquele frio na barriga alertava que nao descerias aquelas escadas com a mesma força que iria subir. Respirou fundo e olhou para o relógio "Ainda há tempo", respirou fundo e repassou o discurso mental, "vamos, uma perna depois da outra, nao seja covarde", olhou no relógio novamente "não há mais tempo". Deixou a armadura na porta e subiu as escadas de peito aberto e com passos firmes, estava pronta pra seja lá o que acontecesse. Sentou-se á mesa sorriu e esperou as flechadas que a destruiram por dentro.

Desceu as escadas sem a mesma força "queria ter tido mais tempo"ela pensou, olhou a estação no metrô sem sentir nada, chegou em casa queimou suas roupas e esqueceu que aquele dia tinha acontecido.No outro dia acordou com dor de cabeça, olhou para o relógio, o cronometro zerado, tinha todo tempo do mundo agora.

3 comentários:

  1. Credo, parece eu. "Don't be such a drama queen!", vc me diria. Mas eu só te digo uma coisa. "Quer Passiflorine?"

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  2. Por um momento eu achei que no penúltimo parágrafo a personagem iria sacar um trezoitão, declamar o discurso tão ensaiado contra sua vítima, alvejá-lo várias vezes no peito, e sair correndo olhando pro relógio e dizendo "ainda dá tempo".

    Daí no final faria todo sentido ela queimar o vestido pra não ter evidências.

    MAS...

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  3. Maraficçao mara ficçao mara!Minha realidade é repleta de ana maria amarela e musicais hollywodianos, coisas bonitas sao ficçao kkk


    kkkk Bom senhor Medina, vc é muito mais geinial, estou trabalhando nessa nova versao em 3,2,1....

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