terça-feira, 15 de março de 2011

Pela metade

A lua estava pela metade. Ela caminhava de mãos dadas sentido algo que não sentia há muito tempo, calma. Ela respirou fundo e olhou para o lago, as luzes do parque refletiam na água, as mãos dadas faziam sombra na grama á margem e ela pensava em tudo o que estava a Km de lá. Pensava no trabalho, nas contas a pagar, no trânsito da cidade e em tudo quanto é coisa que lhe dava dor de cabeça. Tudo isso estava longe, ainda bem, e ela respirava alviada.

- Eu gosto de você, sabia? - ele disse olhando para ela e afastando seus cabelos da orelha.
- Eu também.- disse ela tímida olhando para o lago.
- Eu tenho medo, sabe?
- Medo do que?
- Disso tudo...desse gostar de você, dessa saudade que eu vou sentir quando você nao estiver aqui, dessa dor que eu posso te causar com as minhas palavras.
- É só nao me machucar ué, não deve ser tão dificil assim.
- Eu gosto de você, muito sabe?
- Eu também.
- Mas ao mesmo tempo eu nao te quero aqui.
- E pq não?
- Dificil explicar, estou confuso, preciso de tempo, não sei se gostar de você é o suficiente.
- Eu nao entendo.....se você gosta de mim, e eu de você, qual o poblema?
- O problema é o momento...agora assim, meu coração não está pronto, ele não aguenta.
- Nem o meu, mas vamos tentar e ver até onde isso vai, o medo só nos impede de sentir aquilo que pode ser pra sempre.
- Eu não sei preciso de tempo....

 Ela olhou para lua e ela estava pela metade, bem longe, brilhando, longe de toda aquela conversa, e ah como ela queria, como ela queria estar lnge de tudo que lhe machuca.A lua estava metade escura e metade clara. Ela entendeu então que o coração dele era como a lua, estava pela metade e não se pode amar com meio coração. Não é possível amar alguém com meia escuridão no peito.Ela se despediu e voltou para casa a Kms de lá e a lua brilhava iluminando toda a rua, e ela desejava sinceramente que a lua achasse sua outra metade.

quarta-feira, 9 de março de 2011

um dia

um dia a gente aprende que amor nao é tudo
que a vida não está escrita em uma pedra
que amigos curam qualquer ferida
que um sorriso nem sempre é sinal de alegria

um dia me ensinam a não viver de passado
a amar quem me ama
a não viver sempre a mesma historia
a não sofrer por quem me fez chorar
e a não quebrar tão facil assim


um dia eu aprendo que se arriscar é justo
que se machucar faz parte
que não temos o que queremos
muitas vezes, nao temos o que precisamos,
mas sempre temos o que merecemos
e acima de tudo sempre temos escolhas

um dia eu aprendo que a felicidade esta nas coisas simples
que o que me derruba vem de onde menos espero
um dia eu aprendo a não desistir
a lutar pelo que quero ao invés de recomeçar


quem sabe um dia eu paro de esperar um final feliz
e começo a escrever uma história que me faça ficar em paz

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

É tempo...

É  tempo de expor feridas ao sol.

É tempo de refletir sobre erros do passado.

É tempo de recordar, guardar, e seguir em frente.

É tempo de perdoar-se por erros imaturos.

É tempo de sonhar mais longe.

É tempo de esquecer e não olhar para trás.

É tempo de cura e de recomeço.

É tempo de guardar tesouros que pulsam dentro do peito.

É tempo de colar um coração despedaçado.

É tempo de cultvar um nova chance.

Antes de mais nada, é tempo de colher as lágrimas e plantar sorrisos para um tempo melhor!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Se meu coração...

Se meu coração fosse uma borboleta seria uma mariposa. Sem cor, buscando luz, lutando no escuro e sendo rejeitado como algo incomum e pavoroso.

Se meu coração fosse uma flor, seria um crisântemo branco, usado para enfeitar caixões banhado em lágrimas de um último adeus.

Se meu coração fosse uma cidade, serião Sao Paulo que abriga todos não importa de onde venham, mas é sujo, violento e nada seguro.

Se meu coração fosse um hemisferio seria o norte, cercado de gelo e incapaz de produzir algo quente e aconchegante.

Se meu coração fosse uma língua, seria uma lingua morta que já se transformou em outras e o que ele diz ninguém compreende.

Se meu coração fosse um navio, estaria bem longe em alto mar sem saber pra onde vai buscando terra firme.

Se meu coração fosse de porcelana, já teria quebrado em mil pedaços e jamais seria possível reconstruí-lo.

Se meu coração fosse uma pedra, seria um diamente que jamais quebra ou risca e guarda bem o que tem lá dentro.

Se meu coração chorasse, ele choraria por dias sem parar esperando um motivo pra sorrir.

Se meu coração fosse programado, eu o programaria para amar apenas o que vale a pena e não o programaria param mais nada.

Mas o que ele é? Ele é fraco e grande, e todo riscado cheio de feridas que crescem, e se multiplicam mas parece que não fecham nunca. Meu coração não tem fé,  nao tem alegria, está oco aqui dentro e de tanto doer não pulsa mais. Queria que meu coração fosse uma borboleta dessas coloridas que saem ao ar livre aproveitando o dia e se alimentando de flores, mas não, meu coração não é uma borboleta. Meu coração virou uma mariposa que busca incessantemente por luz...só um pouco de luz!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Fotos antigas

Olhando minhas fotos antigas eu lembrei de um tempo em que acreditei no pra sempre. Que acreditei que pra sempre seríamos amigos, pra sempre seríamos jovens, pra sempre seríamos felizes. Lembrei daquela época em que responsabilidade era tirar notas boas e nao pagar contas atrasadas. Daquela época em que problema era de matemática, rir era sinal de felicidade e não uma piada engraçada, chorar era sinal de tristeza e nao de stress, brincar era divertido, ler era por prazer e segredos eram bobagens.


Olhando minhas fotos antigas eu lembrei do cheiro que tinha a escola do primário, dos traumas da pré escola e do playground do prédio. Lembrei das férias no interiror, o cheiro de café da fazenda, a criação de pintinhos que meu tio tinha no sítio, lembrei das histórias de terror que contávamos a noite e depois nao conseguiamos dormir. As aventuras que inventamos pelo cafezal. Das férias na praia e do mar azul que eu nao temia, da coragem de mergulhar, se entregar e nao sentir o chão, de nadar e se sentir livre. Os passeios de escuna em Ubatuba, e em Paraty, das pedras da cidade que me faziam tropeçar e também dos passáros roubando peixes dos pescadores.

Olhando minhas fotos antigas lembrei dos amigos, aqueles que foram, os que ficaram e os que jamais irão. Bateu uma saudade de ouvir aquelas vozes de uniforme me pedindo para tirar os olhos do livro e prestar atenção na vida. Das meninices do colégio, dos jogos de truco, dos clubes bobos que só eu tinha,da primeira decepção amorosa, da primeira vez que senti um frio na barriga, a primeira vez que chorei por alguém, a última vez que vi um amigo querido e a falta que ele faz. Deu saudades das tardes que passava no parque estudando e das peças de teatro que eu estragava com a minha atuação medíocre, das festas que eu nao fui porque nao achava graça, das tardes em que eu passei no shopping, e das fotos q eu nao sorri porque tinha vergonha do aparelho.


Olhando minhas fotos eu lembrei daqueles amigos da faculdade que estão aqui até hoje, e daquela que foi embora de modo tão injusto e deixou um vazio infinito em cada um de nós. Dos cafés na távola, das piadas entre aulas , das intrigas e dos amores que surgiram,alguns duram até hoje. Lembrei do primeiro dia de aula e de como nao podemos escolher quem marca nossa vida, só escolhemos o tempo que passamos com elas e nem sobre isso temos o controle.De como éramos jovens e rídiculos, e de como ainda somos ridículos mas nao tão jovens assim. Das responsabilidades que surgiram, do primeiro emprego, do segundo emprego, da mudança de rumo, das aulas de Latim, das apresentações de trabalhos que davam certo, das que nao davam tão certo assim também. Do tempo que passou voando e ainda estamos aqui olhando para toda esta história como se fosse ontem.

Olhar para o passado dói,  tem coisas que nao deveriam mudar nunca. Olhar para o passado é bom porque percebemos o quanto crescemos. A saudade consome, e a certeza de que nao controlamos a vida é assustadora. Uma coisa ficou: A voz dos meus colegas pedindo que eu tirasse os olhos do livro e olhasse pra vida, porque a vida passa, e no final só sobram as fotos e as histórias que suas figuras nos contam.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

The time has come again

- Não dá pra escolher os traumas que vamos ter na vida, sabe?
- Eu sei.....vc tem as suas marcas eu tenho as minhas.
- Sim, são similares, mas não são as mesmas, as suas doem mais, as suas....as suas feridas estão abertas ainda.
- E eu acho q elas nao fehcam nunca.
- Infelizmente tem coisas na vida que são pra sempre, isso que vc tem ai com você...isso é pra sempre.
- Podia ser uma coisa boa pelo menos.
- Ou você podia tomar mais coragem e contornar tudo isso, vale a pena nao vale?
- Não sei se eu quero isso, não sei se vale a pena.
- Vale e você sabe que vale! No fundo você só é mais um covarde, não é uma pessoa ruim, não é alguém que nao sabe o que quer....só é covarde...vc sabe o que quer nao sabe?
- Sei........
- Mas vc não vai atras do que vc quer nunca, né? Porque você tem medo e prefere mentir pra si mesmo do que tentar e se machucar mais, nao né?
- Sim...isso que eu tenho aqui já é suficiente pra carregar por um bom tempo, não preciso de outra coisa me machucando.
- Quem disse q machuca? E se vc acabar amando? E se for tua cura?
- Não...sei lá....eu..
- Você tem medo,é covarde eu sei....só que isso me machuca tb. Eu só nao entendo como você pode viver assim, querer e nao ter por pura covardia, eu só nao sei como vc consegue ser feliz nesse estado, fingindo que nao sente, fingindo que nao quer , fingindo que nao sabe!
- Sei lá, eu acostumei, aprendi a esconder
- De mim vc nao esconde nada, vc sabe q eu te conheço, que conheço seus olhos, vc mente o quanto quiser pra mim, seus olhos nunca mentiram.
- Eu sei...mas....não é q eu...é que...
- Você é um covarde, eu sei, e você me quer ali bonita esperando por uma decisão sua, esperando vc se curar dessa coisa dentro de vc q nao tem cura...só que isso, isso é pra sempre, eu poderia ser pra sempre também....mas você é covarde.
- E você esperaria? Se eu pedisse você esperaria?
- Não....eu também tenho meus traumas, minhas marcas, mas ao contrário de vc, eu nao deixo q elas me digam o que fazer, eu vou dizer como elas devem se comportar. Então, não, eu nao te espero nem mais um segundo.
- Mas agora eu nao...eu nao consigo.
-Eu sei que nao...tá vendo este buraco aqui? Sim, este mesmo que está pulsando aqui do lado esquerdo, esse buraco foi você quem fez. Era você no lugar desse buraco, sabia? E você faz tanta falta que ás vezes meu coração bate ao contrario tentando te trazer de volta, mas não dá, então ele se contorce, e sangra, e dói como nunca doeu antes em protesto. Você foi o maior buraco que ficou em mim.
- Entao me espere!
- Não, eu tenho meus traumas, você foi mais um deles, se eu me afastar agora meu buraco vai rasgar, vai sangrar, vai explodir! Mas depois ele fecha, fecha e vai ser só mais uma ciatriz, a maior até agora, mas vai ser só mais uma cicatriz entende? Eu  não vou deixar este buraco me dizer o q fazer, e nem uma cicatriz gigante vai me impedir de tentar alguma coisa, isso eu nao admito! Agora você....seu buraco nao fecha, ele sangra dia após dia, ele dói semana após semana, e ele só aumenta.... e você nem percebe.
- Eu nao escolhi isso, não queria ter isto em mim, queria que as coisas fossem diferentes, eu queria mesmo, mas é maior que eu, é mais forte.
- Pois é.....o que resta é dizer adeus! Chegou novamente a hora de se despedir, já fiz isso tantas vezes que sei que esta é a hora
- Mas agora? Fique mais um pouco...eu...
- Não seria tempo suficiente, eu vou enquanto me resta coragem.

Ela partiu e fechou a porta atras de si jurando nunca mais voltar para lá. Seu coração sangrou, torceu, explodiu, ela chorou, ela se despedaçou.Mas depois, como prometido, nao deixou uma cicatriz guiar a sua vida. Não deixou seus traumas lhe dizer o que era capaz de fazer ou nao, o coração estava vermelho e pulsante novamente.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Prometheus

Prometheus  tava de bobeira e decidiu esculpir homens, os esculpiu no barro e em lágrimas, ensinou-lhe tudo, deu-lhes vida e os mandou para a terra. A única coisa que faltava era o fogo, essencial para a vida dos homens, Zeus sabendo disso, guardava o fogo á 7 chaves. Prometheus pouco se lixando pegou um raminho seco foi lá botou fogoe deu de presente aos homens. Zeus ficou puto da vida quando descobriu e o condenou ao sofrimento eterno (essa que é a desvantagem de ser eterno). O castigo foi que seu fígado seria comido todos os dias por um corvo, começava de manhazinha, e no dia seguinte rolava tudo de novo porque como o coitado era um Titã se regenerava (outra desvantagem de ter super poderes no nipe wolverine). Puta filho de uma égua esse Zeus né? O coitado do Prometheus ficaria lá eternamente nao fosse o Hércules ter q salvar o cara lá em um dos seus 12 trabalhos pra salvar a família dele, ou algo do genêro, nao tenho memória de elefante e nao to a fim de olhar no google.

Anyway, desgraça esse lance de ter o fígado comido todos os dias né? Mas sabe, viajando um pouquinho, eu tenho meu fígado comido todos os dias. Ridiculamente eu me meto nas mesmas histórias, over and over again, antes fossem boas histórias né? Mas não são, são coisas no nipe do fígado sendo devorado diariamente. Penso que no final do dia, Prometheus deveria sentir um alívio, e uma ponta de esperança de que aquilo nao se repetiria, claro que isso durava pouco, no outro dia ele estava sofrendo de novo, pelo mesmo motivo, a mesma dor, dia após dia.

Até que deixou de doer, porque com tudo na vida a gente acostuma, até com fígado sendo devorado, entao ele se acostumou também com isso, com o figado dele ali sendo destruido e nao doia mais, ele ficou calejado, mas isso nao quer dizer que nao lhe fazia mal, nao quer dizer que ele nao sofria, ele só tinha se acostumado a sofrer. Quando a gente se acostuma a sofrer, pouco sofrimento é quase felicidade. E lá estava Prometheus "feliz" e confortável com seu fígado sendo devorado.

Até que um dia, montado num cavalo branco seu príncipe encantando apareceu...perae....referencias erradas, reformulando. Até que um dia seu guerreiro apareceu sem camisa e de sandálias de couro (conan, o bárbaro, é assim que vejo Hércules) e o tirou de seu sofrimento.

Prometheus teve que repensar sua vida, achou a felicidade, cuidou do seu fígado e seguiu em frente, passou de fase e foi enfrentar o chefão, digo, foi viver novas histórias. MAs como faz isso? Como se quebra um ciclo vicioso de desgraças, de histórias que se repetem sempre e tem sempre o mesmo resultado e doem tanto quanto um fígado sendo devorado ao sol do meio dia? Onde diabos está o meu Hércules para me ajudar a quebrar esse ciclo e viver novas histórias? Histórias que doam de outro jeito pleo menos vai? O quão idiota é ficar chateada sempre pela mesma coisa? Onde está meu Hércules? Onde está meu Hércules?